plugue-se, ligue-se, vá Longe!

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Jerry Adriani - 28/07/2007










Só pra deixar registrado! Aniversário da minha tia comemorado na festa de 19 anos do restaurante Ed. Carnes - do Ed. Carlos (cantor que teve um sucesso relâmpago na época da Jovem Guarda com o hit "Você é meu amorzinho, você é meu amorzão, você é o tijolinho que faltava na minha construção...").



Entre algumas bandinhas que tocavam hits dos anos 50 e 60 e o "Elvinho" (Elvis Presley cover) pude prestigiar o show de um dos cobiçados cantores da época dos meus pais: Jerry Adriani.



O show foi bem legal. Gosto bastante de prestigiar artistas que já causaram febre no público de décadas passadas e ficar imaginando os tipos de lugares, situações e pessoas diferentes que já viram os shows do cara. Uma curiosidade legal é que o Jerry Adriane foi um dos grandes incentivadores do Raul Seixas no começo de carreira. O Raulzito é compositor de Doce doce amor (um dos maiores sucessos gravados pelo Jerry).






Valeu!
One, Two, Three, Four!
Bruno Marcel

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Maquinado - 19/07/2007









Já a algum tempo que Lúcio Maia vem anunciando o projeto Maquinado. O guitarrista da Nação Zumbi é considerado um dos músicos mais criativos do país. Com seu estilo único, que agrega elementos de rítmos que vão do Jazz ao Heavy Metal, resolveu criar algo diferente do que faz desde o início dos anos 90 com seus companheiros pernambucanos. Daí surgiu o Maquinado, uma união das principais influências do guitarrista que apostou mais nos recursos eletrônicos e em canções que valorizam o instrumental.

Na breve turnê de lançamento do seu primeiro CD solo - O Homem Binário - Lúcio Maia recrutou seus companheiros de banda Dengue (baixo) e Toca Ogam (percussão) para formar, junto com o DJ PG (scratchs), sua banda de apoio.


De volta ao SESC Pompéia fui conferir uma das apresentações de lançamento do disco. O palco já precedia o clima de surpresa - o palco inteiro coberto por pedaços de véu e outros objetos brancos dividiam espaço com os instrumentos da banda e o vasto aparato tecnologico utilizado na apresentação. O show superou as expectativas, comprovando mais uma vez a capacidade de criação do músico. Entre execuções de músicas instrumentais e algumas onde o guitarrista se arriscava em vocais distorcidos (sem fazer mal papel) houveram as esperadas e memoráveis participações. O MC Rodrigo Brandão (Mamelo Sound System) que entrou no palco para a interpretação de Eletrocutado trouxe também a sua parceira MC Lurdes da Luz para a versão de Gorila Urbano do Mamelo Sound System. Jorge Du Peixe também veio fazer companhia aos seus companheiros da Nação Zumbi na execução de O Som e o medley de sambinhas com o clássico Juízo Final de Nelson Cavaquinho e Samba Makossa um dos hinos da Nação Zumbi com Chico Science.

Ainda houve, entre cenas projetadas no palco, alguns covers que variavam de Kraftwerk ao clássico Erótica de Serge Gainsbourg em versões inimaginadas.

Pra fechar a noite, Buguinha Dub que é produtor musical e técnico de som do Maquinado e Nação Zumbi, deu uma palhinha do seu projeto Vitrola Adubada onde discoteca suas produções de Dub Music ao melhor estilo Jahmarraparai!

Valeu! One, Two, Three, Four! Bruno Marcel

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

U Time - 17/07/2007









Já faz um bom tempo que não escrevo por aqui, mas os shows continuam rolando. Acabei acumulando 5 shows sem resenha e, por conta disso, vou arrematar tudo em posts mais simples. Como o tempo vem sendo cada vez mais escasso acho que a tendência é que as resenhas começem a ficar mais simples mesmo.

U Time é uma galera nova, da última geração do rap paulistano. Descendentes da família RZO batalham seu espaço no meio artístico com o apoio de nomes fortes da cena hip-hop nacional como Mano Brown e Ice Blue (ambos do Racionais MCs, estavam conferindo tudo de cima do palco) que assinam a produção do primeiro trabalho do U Time.

Conheço muito pouco de rap pra dar uma opinião mais crítica sobre o show que vi na choperia do SESC Pompéia (mais uma vez pelo Projeto Prata da Casa), mas posso afirmar que a experiência foi boa e interessante. Os MCs Dom Pixote, Nego Vando, Kalado e o DJ Ajamu mandaram muito bem e, contando com algumas participações como Jackson, Du Bronks e Ice Blue, fizeram valer a presença de vários MC's e artistas do meio que estavam lá atráz do palco mandando vibrações positivas.


Crédito das Fotos
Cris Arenas
(fonte: www.ericathais.blogger.com.br)

Valeu!
One, Two, Three, Four!
Bruno Marcel

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Estúdio Coca-Cola - Nação Zumbi + Skank - 11/07/2007


Antes de levantar dúvidas vale dar uma prévia do que se trata o Estúdio Coca-Cola. É uma ação publicitária da marca que segue o conceito “Viva as Diferenças. Viva o Lado Coca-Cola da Música”. O projeto escolheu 14 bandas de estilos variados para a formação de 7 duplas diferentes. Cada uma dessas duplas deve se reunir pra tocar, buscando uma forma de fundir as diferenças e buscar um ponto em comum. Isso é publicado mensalmente no site do projeto e tambem exibido pela MTV que é a parceira da Coca-Cola nessa ação. Até ai já achei fantástico.

Acompanhei pela internet as duplas Marcelo D2 + Lenine, Pitty + Negra Li, Nando Reis + Cachorro Grande, NX Zero + Armandinho e CPM22 + Babado Novo. Algumas com resultados muito bons e outras nem tanto mas todas com uma fusão, no mínimo, intrigante.
Então descobri que a banda que mais acompanho ultimamente participaria do projeto. Nação Zumbi se juntaria ao Skank - banda que, apesar de não gostar do que tem feito ultimamente, considero ter um bom potencial - chegaram a fazer coisas interessantes no passado onde exploravam a mistura de reggae, ragga, ska e dub com pop nacional.

Ai entrou a participação decisiva da Débora que conseguiu os contatos pra que agente não ficasse de fora dessa. Perfeito! Ainda conseguimos colocar meus pais, minha irmã e o Smyters na lista. E também alguns amigos em comum que eu já conhecia de outros shows (Erika e Renata) e alguns que foram apresentados por lá (David e Danila). Nessa leva de gente nos encontramos num estúdio especializado em gravação de shows, som e imagem situado entre o CEAGESP e o fim do mundo.

Ignorando os pormenores da entrada vamos ao que interessa.

Já ocupando nossos lugares na platéia, esperávamos ansiosos e muito curiosos o início das gravações. Na lista de repertório do Haroldo, baterista do Skank, já descobrimos qual seria a primeira música e aí uma boa notícia: seria Blunt of Judah, uma das melhores músicas da Nação. E assim foi. As bandas chegaram, cumprimentaram o público e já arrebentaram na primeira execução. Virou clichê dizer isso nas resenhas que tenho feito mas o fato é que tenho descoberto muita coisa nova e assim foi – surpreendente! Acompanhei impressionado o que faziam no palco com aquela formação gigantesca. Duas baterias, dois baixos, dois vocais, duas guitarras, teclados, metais e percussão. Tudo junto e sincronizado surpreendentemente. As versões eram muito criativas.

Além de Blunt of Judah o repertório de músicas da Nação Zumbi se completou com: Hoje, Amanhã e Depois, A Cidade e Maracatu Atômico - músicas de épocas distintas da banda. Da parte do Skank, versões impressionantes de músicas também de fases diferentes da banda: Balada do Amor Inabalável, Um Mais Um, Uma Partida de Futebol e a matadora Pacato Cidadão, com direito a acompanhamento de bateria eletrônica feita pelo Pupillo (baterista da Nação). Ainda rolou a cover de Ponta de Lança Africano (Umabarauma) do Jorge Ben – eu que adoro o músico e a música acho que complementou o repertório perfeitamente com uma versão que também não deixou absolutamente nada a desejar.

Agora é acompanhar o site e esperar o dia da transmissão do programa.

Todos merecem os sinceros elogios: Nação Zumbi e Skank pelo ótimo trabalho, à Coca-Cola e a MTV pela iniciativa e pela aula de como fazer publicidade sem se render à costumeira bundalização. Espero que essa tendência vire moda o mais rápido possível.
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Bruno Marcel
One, Two, Three, Four!
Valeu, abraços!

terça-feira, 24 de julho de 2007

Nação Zumbi e Mamelo Sound System - 30/06/2007









Com essa resenha tenho a difícil missão de narrar a apresentação de uma das bandas que mais gosto.

De quem já ocuparou o primeiro lugar no ranking das mais ouvidas no meu rádio, posso citar 3 nomes que realmente marcaram época nos meus fones de ouvido: Raimundos, Ramones e Nação Zumbi (nessa ordem).

A primeira dessas, pude acompanhar a maior parte da carreira, desde o auge até o fim, mas eu era muito novo na época em que a banda estava com gás total e então só estive em um show com a formação clássica nos palcos. Logo mais o Rodolfo largou os Raimundos e de lá pra cá, embora ainda com shows muito bons, a banda enfrenta momentos complicados.

A segunda é a mais marcante. Provavelmente pelo posto de lenda que ela tomou já que, quando me despertei para o punk rock dos Ramones, a banda já havia encerrado suas atividades. De lá pra cá pude apenas acompanhar, com enorme pesar, a baixa causada pelo falecimento dos grandes líderes da banda (Joey, Dee Dee e Johnny).

A terceira é a top atual. Surgida no início dos anos 90 a banda foi liderada pelo mito Chico Science. Depois de um trágico acidente de carro que tirou a vida do vocalista. O, então percussionista da banda, Jorge DuPeixe assumiu os vocais e a função de principal compositor do grupo que teve a difícil missão de continuar sem a presença do amigo e um dos maiores compositores e interpretes da música brasileira. A tarefa foi alcançada com grande propriedade pelo grupo que continuou a trilhar a banda no caminho da inovação e criatividade trazendo ao público trabalhos premiados e de qualidade inigualável dentro e fora do país.

Com o vocal único e grave de Jorge DuPeixe, guitarra swingada e psicodélica de Lúcio Maia, baixo marcante de Dengue, bateria quebrada, swingada e polirítmica de Pupilo e a percussão criativa e inovadora fechando com chave de ouro a formação por Toca Ogan, Gilmar Bolla8, Matias e DaLua o último trabalho da banda foi o disco Futura. Lançado em 2005 é considerado por muitos o melhor trabalho do grupo, algo que nem me atrevo a opinar pois cada vez que escuto um dos 5 discos (considerando os álbuns de inéditas) tenho a impressão de escutar o melhor entre eles. Posso afirmar que a Nação Zumbi é uma das pouquíssimas bandas no mundo que conseguiram manter o nível de qualidade e criatividade por tanto tempo.

Conheci a banda já a algum tempo, ainda antes do lançamento do disco Futura, atravéz do álbum Nação Zumbi emprestado pelo padre do meu bairro (Padre Jair). Entrei em contato com um dos álbuns mais macantes da minha vida (dividingo espaço com a coletânea RamonesMania e o segundo do Raimundos - Lavô tá Novo). E foi então, no show de lançamento do álbum Futura no Citibank Music Hall em outubro de 2006, que me despertei de vez pra mistura singular e viciante da Nação Zumbi.

A banda tinha em alguns sons os reefs e batidas pesadas e enérgicas o suficiente pra me chamar a atenção. Alguém que tinha o gosto musical pautado no punk, hardcore e metal via no som da Nação os elementos necessários que justificassem um pouco de atenção. E à partir daí, aberto ao que estava por vir, descobri um mundo de possibilidades nas misturas da música global com a regional, da eletrônica com a orgânica, da americana com a européia e africana ou qualquer outra mistura que pudesse resultar em algo interessante.

Foi ai que me despertei de vez pra música. Passei a dar mais valor a algo que sempre esteve bem próximo e presente (muito graças ao gosto pela boa música e ecletismo que meus pais sempre tiveram) mas que não recebia tanta atenção quanto merecia. É certo que sempre ouvi um pouco de tudo, mas sem tanto entusiasmo. Agora o punk, o metal e o bom e velho rock’n roll receberam definitivamente a companhia ilustre do samba, bossa nova, baião, mpb, black music, música jamaicana e qualquer coisa que soasse bem aos ouvidos.

Explicado o impacto causado pelo contato com essa banda de méritos incontáveis vale citar que, desde então, não perdi uma só apresentação da banda em São Paulo. Se não esqueci algum na contagem, foram 7 shows. E o sétimo é o tema desta resenha.

Cheguei em Santo André como quem vai pra lá desde criança. Sem saber o caminho, três perguntas em três postos de gasolina resolveram o problema. O show, apesar de um pouco longe, foi imperdível. Além de Nação Zumbi também tocou Mamelo Sound System, grupo que eu vinha ouvindo a algum tempo - faz um Dub abrasileirado da melhor qualidade. O show fazia parte de um projeto chamado Balanço BR-7 que levou as duas bandas junto com a discotecagem do DJ Paulão em turnê por alguns SESCs do estado de São Paulo.

Parti de Guarulhos com o Smyters e chegando lá nos encontramos com a Erika e a Débora – duas ótimas companheiras pra shows da Nação Zumbi e similares, praticamente duas tietes da banda (no melhor dos sentidos). O som do DJ Paulão já estava rolando, no set-list Jorge Ben, Tim Maia e muito funk, soul e samba - perfeito pra escutar tomando uma cerveja e aliviar a ansiedade da espera.

Em algum tempo foi anunciada a entrada do Mamelo Sound System. Fomos para a frente do palco e assistimos à entrada do carismático MC do grupo Rodrigo Brandão junto com os DJs e com o convidado Toca Ogan para a música de abertura. Esse primeiro som foi como uma invocação da ajuda divina pra que tudo corresse bem. Som eletrônico fazendo a base, solo de conga pelo maestro dos tambores Toca Ogan e “um certo capitão Rodrigo” comandando o microfone. Com as energias positivas invocadas, Toca sai do palco e dá a vez para a estilosa MC Lurdes da Luz que completou o time do Mamelo em cima do palco. Mandaram muito bem e superaram as expectativas para o primeiro show que vi deles. Pretendo ver outros com certeza. No set-list as músicas do último CD - Velha-Guarda 22 - tiveram certa prioridade em relação aos sons dos outros álbuns da banda. Vô-Q-Vô, Festa/Luta, Minha Mae Diz, Bença, Balanço & Chumbo Grosso, Isso Aqui Não É 1 Teste!, Gorila Urbano e Zulu/Zumbi (com a memorável participação do Jorge DuPeixe) foram alguns dos vários sons tocados pelo grupo que abriu as apresentasções no melhor estilo e da melhor forma possível. Com a frente do palco tomada pela dupla de MCs agitaram o público e satisfizeram a quem foi atráz de boa música.

O show já teria valido por aí e eu voltaria satisfeito pra Guarulhos City - a não ser pelo fato de que em poucos instantes estaria em cima do palco a melhor banda nacional da atualidade (e pra mim não tem banda gringa que bata de frente). E assim foi. Algum tempo com a discotecagem do DJ Paulão e lá estava eu novamente, pela sétima vez na frente de um palco com a banda que mais gosto.

Hoje, Amanhã e Depois, como em vários dos últimos shows da banda, foi a música de abertura. Faixa do último álbum da banda e música de trabalho que tem rolado nas radios. Dificilmente alguma coisa pra mim ali seria novidade mas isso já não importava. Mesmo sabendo de cor o que seria feito em cima do palco, ainda assim valia bastante estar ali. Vou ser reservado em citar o set-list pois posso confundir com o que rolou nos outros shows que estive. Maracatu Atômico, Macô, A Praieira e Da Lama ao Caos (com a participação de Rodrigo Brandão) foram alguns dos sons da época de Chico Science que ganharam uma nova cara com a formação atual. Quando a Maré Encher, Remédios (com vocal alucinado de Toca Ogan), Blunt of Judah, Meu Maracatu Pesa uma Tonelada, Propaganda, Memorando e A Ilha são outros sons que tenho certeza que rolaram.

O show dessa fez foi um pouco mais curto, a banda estava com problemas nos samplers e talvez até já um pouco cansados da longa turnê, com pouca mudança de repertório e pouca novidade (algo que provavelmente deve cansar esses músicos que vivem em constante mutação). Por isso acredito que não estivessem tão animados quanto nos outros shows que estive. De qualquer forma foi algo imperdível e memorável assim como todas as outras apresentações da banda. Ainda vale a oportunidade de registrar aqui um show deles como forma de fazer referencia a tantos outros que fui antes da criação do blog e ficaram de fora.

O Jorge DuPeixe anunciou que até Outubro ou Novembro deve sair o novo álbum da banda.
A grana pro CD e pros próximos shows já está reservada!




Indicações

Crédito das Fotos
- Luiz Felipe: www.flickr.com/photos/luizfelipel8

Valeu, Abraços!
One, Two, Three, Four!
Bruno Marcel

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Criolina - 26/06/2007










Essa resenha narra a primeira vez em que sai pra ver um show sem saber nem quem estaria em cima do palco.

O SESC Pompéia promove um projeto chamado Prata da Casa onde bandas e grupos musicais sem grande público e tradição apresentam-se gratuitamente. Sabendo disso fomos conferir o que rolava (eu e o já citado companheiro de shows Smyters). Chegando lá descobrimos o nome de quem estaria no palco, uma banda chamada Criolina. Pegamos algumas cervejas e esperamos o começo da apresentação. Até então tudo seria uma surpresa, o único indício do que estaria por vir foi o som da regulagem dos instrumentos que saia abafado de dentro da choperia ainda fechada e já agradava aos ouvidos.

Assim que abriram as portas fomos entrando com aquela agradável sensação que dá quando não se gasta dinheiro pra fazer alguma coisa. Porém a banda poderia ser chata ou ruim e ai o tempo e a grana do estacionamento poderiam ser perdidos. E nessa dúvida, porém otimistas, aguardamos o início da apresentação.

Tendo o lugar vazio e uma platéia com menos de 100 pessoas a banda entrou no palco. Ainda sem a presença de um vocalista mandaram uma introdução instrumental surpreendente. Até que entram no palco a dupla de vocais Alê Muniz e Luciana Simões, o casal que encabeçou o projeto nomeado por Criolina.

Dali em diante eu vi o show de uma das bandas mais surpreendentes que conheci. Sem nunca ter ouvido falar dos caras e sem conhecer nenhuma música prendi minha atenção completamente. Músicos muito bons em cima do palco com performances que deixavam sem saber pra onde olhar. A formação básica era violino, teclado, guitarra, baixo, bateria e a dupla de vocais, mas às vezes rolava um revesamento e o violino dava vez a uma gaita, o teclado aos samplers, o baixo a um pandeiro, a bateria a um tambor (acredito ser um Derbaque, instrumento típico da música Árabe), e os vocais também se arriscavam na percussão.

Percussionista é algo essencial numa banda que pretende utilizar elementos de música regional brasileira e latino-americana. Mas a baterista dava conta sozinha e muito bem de desenvolver aos quatro membros qualquer tipo de ritmo que se fizesse necessário. Era incrível o desempenho dela. Foi uma das melhores performances de bateria que já vi em cima de um palco, fiquei impressionado com o controle de poliritmia (que é basicamente a capacidade de um baterista fazer “levadas” diferentes com cada um dos membros ao mesmo tempo) e com a criatividade com que foram criadas as linhas de batera. E todos os outros músicos também eram sensacionais, regidos pela dupla do vocal que é responsável pelas composições e são os “donos” do projeto criado no Maranhão e trazido agora pra São Paulo em busca de uma maior visibilidade. Se forem perseverantes e mantiverem o nível de qualidade e criatividade provavelmente ainda farão o nome Criolina dar muito o que falar. Sorte pros caras!

Indicações:
MySpace - www.myspace.com/criolina
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Bruno Marcel
One, Two, Three, Four!
Valeu, abraços!

Gritando HxCx - 23/06/2007









Nunca foi das minhas bandas preferidas de punk/hardcore mas escutei bastante lá pelos meus 14/15 anos quando eu, Beto, Evandro, Zione, Rafael e Dedé (em formações distintas)
formávamos a banda punk Garotinhos Insuportáveis e uma das músicas do nosso repertório era Velho-Punk, um clássico do Gritando HxCx.

Pouco tempo depois do lançamento do segundo álbum (Ande de Skate e Destrua que apresentava um grande avanço em comparação ao primeiro auto intitulado) a banda sofreu uma baixa que nunca conseguiu superar. O Donald, vocalista e principal compositor da banda, faleceu com algumas complicações de saúde acarretadas por uma hepatite agravada por possíveis erros no tratamento médico. De lá pra cá o guitarrista chegou a assumir o vocal (sempre acompanhado pela vocal feminina Lê) e até gravaram um disco ao vivo (muito bom, é a trilha que acompanha a redação dessa resenha). Nessa época, já sem a presença de Donald em um festival punk que fui pra ver Ratos de Porão, pude conferir uma apresentação dos caras. Meio aos trancos e barrancos e com uma agenda super reduzida, a banda se manteve algum tempo, não conseguiu seguir uma carreira muito sólida e parou.

Agora, mantendo apenas a vocalista e o baixista Ritchie da formação clássica, eles resolveram voltar e parece que estão com o gás todo pra produzir material novo.

Uma boa galerinha ficou agitando pra ir nesse show, mas no final todo mundo deu pra tráz, menos a Bruna que já provou ser ótima companhia pra shows sendo citada inclusive em posts anteriores e acabou levando a Bia (que também conhecia de “outros carnavais”) e lá fomos nós. Conferi a apresentação dessa nova formação/fase da banda no lugar que provavelmente mais tem histórias pra contar sobre o punk rock no Brasil: a casa Hangar110 onde vi vários shows clássicos e memoráveis (outros nem tanto) nacionais e gringos de punk rock. Lugar que me sinto super à vontade e que me lembra momentos muito bons. Quando tinha minha banda punk, na adolescência, sonhava em tocar lá.















Dessa vez então pra conferir a nova fase do Gritando HxCx (que me interessou mais pela nostalgia do que por qualquer outro motivo) pude ver a apresentação com o novo guitarrista e com o novo baterista que surpreendeu, mandou ver com a pancadaria pra cima da batera, com certeza o melhor que já passou pela banda. No set-list rolou a maior parte dos sons gravados nos dois álbuns da banda (ainda com o Donald nos vocais), dos quais eu conhecia todos e pude cantar, pogar e curtir bastante a nostalgia do momento. No final rolou algo que, mesmo em shows punks onde o palco é "meio" liberado pra quem quiser subir, cantar, pular e/ou fazer alguma bizarrice, não costuma acontecer. O palco foi completamente tomado por boa parte do publico que pulava e cantava com a banda que incentivava a atitude dos caras.

Quase me esqueço de comentar mas antes do Gritando HxCx, como é de costume nesse tipo de shows, três bandas fizeram a abertura:

Just Insane - Até tocavam bem mas num estilo que definitivamente não me agrada. Não lembro de muita coisa pra comentar do show.

Nostalgia 77 - Banda nova e ai já é mais a minha praia. Conseguiu chamar a atenção, peso, agressividade e o melhor: vão por um caminho completamente inverso do que a maior parte das bandas novas seguem hoje em dia, que são arranjos vocais melódicos, cara de mau e pouca a titude. Lembrou as bandas das antigas como Cólera e Inocentes. Parabéns pros caras.

Zumbis do Espaço - Essa é a banda que mais me aterroriza. E não é pelo fato da tematica da banda rolar em volta de criancinhas sangrando, demônio tomando conta da terra e assassinos matando por prazer, mas sim por ser uma das bandas que menos gosto e provavelmente a que mais vi em toda a minha vida, pois desde que frequentei o meu primeiro show punk (já a bastante tempo) eles são banda de abertura em 80% dos casos. De qualquer forma, provavelmente por costume, hoje consigo curtir uma música ou outra no show.


É isso ai, boa sorte pra Lê, Ritchie e o novo Gritando HxCx. Torço pra que saia algo bom dessa nova fase da banda.

Indicações




Gritando HxCx (Site super desatualizado) - www.geocities.com/Pipeline/6956
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Bruno Marcel
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Valeu, abraços!

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Cordão da Insônia - 14/06/2007









Mês de estréia do blog e já começou dando bastante trabalho. Foram 8 shows no mês de junho que me exigiram uma média de duas resenhas por semana. Com uma agenda bem preenchida entre trabalho, faculdade, banda, shows, amigos e baladinhas acabei me atrapalhando com o time do blog e agora tenho 4 resenhas acumuladas. Sendo assim farei breves comentários sobre cada show senão logo serão 5, 6, 7 resenhas acumuladas.

Essa é a primeira resenha dos 4 shows acumulados do mês de Junho e, por isso, escrita sem tanta enrolação.

O show rolou num lugar onde já me sinto praticamente em casa: a choperia do SESC Pompéia. E fui acompanhado pelo cara que vai ser citado à rodo neste blog: Smyters, grande amigo e companheiro de shows já apresentado em resenhas anteriores.

Essa apresentação não trata de uma banda, mas sim uma JAM Session batisada Cordão da Insônia e organizada para o lançamento da marca de moda ZEROUM com artistas que estão despontando e ajudando a dar a cara da nova MPB. Todos marcados pela fusão de estilos trabalhada em seus projetos.

O time era formado por:

Céu: Principal motivo da minha presença no show. Cantora que está colhendo os frutos do seu primeiro (e ótimo) trabalho, o álbum que tem seu nome como título e foi lançado em 2005. Costumo dizer que é uma Nação Zumbi de saias (mais uma das comparações que só fazem sentido pra mim) e ocupa uma das posições do topo no meu ranking dos mais escutados nos últimos meses. Além disso ela é para o Smyters a musa inspiradora de um amor platônico. Saí de casa com a missão de conseguir uma foto deles dois abraçadinhos (e cosegui!).

Anelis Assumpção: Ótima percussionista e cantora, integrante da banda Dona Zica que conheci pesquisando os sons dos artistas para esse show. Banda muito boa, vale a pena correr atráz de conhecer. Pretendo ver um show dela assim que possível. Como curiosidade, vale citar que ela é filha de Itamar Assumpção, um dos nomes sagrados da música tupiniquim.

Curumin: Já conhecia mas não me lembro de onde, muito bom também. Faz uma fusão de samba com música eletrônica e arrebenta na bateria (instrumento que tocou na maior parte do show, revesando também nos vocais).

Beto Villares: Produtor já a algum tempo, também conheci o trabalho dele nas pesquisas precedentes ao show. Tem um álbum lançado a pouco tempo chamado Excelentes lugares bonitos que também é muito bom - muita musicalidade e criatividade na fusão de gêneros.

Bruno Buarque: Percussionista muito bom e já consagrado no cenário da MPB. Também tocou bateria no show. Não tem nenhum projeto solo mas sei que participa de vários projetos. Faz parte da banda da Céu e é (ou foi) um dos participantes do Barbatuques (grupo que explora as possibilidades de percussão corporal).

Lucas Martins: Baixista do projeto. Manda muito bem. Não sei muito sobre ele, mas acho que faz parte da banda de algum dos outros citados acima.

O desfalque da vez foi o Bnegão. Estava com a participação confirmada mas teve que abrir mão para encabeçar uma turnê pela Europa. Atualmente ele participa de dois projetos que curto bastante. Um deles é o funk eletrônico do Turbo Trio que tive a oportunidade de assistir a pouco tempo na baladinha StudioSP e o outro é o Seletores de Frequência, banda que faz a fusão de black music e hip-hop com toques de rock e música brasileira (muito bom também, espero poder vê-los em breve). Além disso ele foi fundador do Funk Fuckers e integrou junto com Marcelo D2 e Black Alien o trio de MCs do Planet Hemp (que deve voltar em breve com o próprio BNegão assumindo sozinho a frente do palco).

No repertório só músicas que eu não conhecia, com a exceção de Funk até o Caroço dos Funk Fuckers que esperava os vocais de Bnegão mas teve Anélis Assumpção assumindo a bronca na ausência do MC (que esteve presente apenas por imagens no telão que disparava vídeos estilizados e tematizados de acordo com a música durante toda a apresentação).

O show foi daqueles de ficar boquiaberto com tanta criatividade e musicalidade. A diversão era geral, vindo de cima do palco e contagiando a plateia.

Se tiver novamente a rara oportunidade de vê-los todos reunidos, farei o possível para não perder.

Indicações:
- Sesc São Paulo
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Bruno Marcel
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Valeu, abraços!

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Graforréia Xilarmônica - 12/06/2007










Dia dos namorados! Existe algo melhor do que estar ao lado do seu bem-querer e curtir um programinha romântico?
Claro que sim, principalmente quando o bem-querer não está por perto.

Esse post contempla, além do show, um contexto bem interessante. Numa terça-feira romântica de Dia dos Namorados na qual a grande maioria na minha roda de convivência tinha como maior preocupação o agrado que fariam aos seus pares, a minha programação era certa: do trabalho pra casa. Até que num momento de relax, resolvi acessar o site mais útil e interessante da internet pra ver as novidades. O site em questão é o Portal do SESC - SP, sempre atualizado com a programação cultural dos SESCs do estado de São Paulo. Como não poderia ficar muito tempo navegando por ali, clicava aleatoriamente nas páginas de programação pra ver se descobria algo de que ainda não soubesse e, para a minha surpresa, estava lá: Graforréia Xilarmônica no SESC Vila Mariana. Naquele mesmo dia. Uma banda que conheço há bastante tempo e estava inativa nos últimos anos, além do fato de que o habitat natural deles é o Rio Grande do Sul onde a banda é considerada um clássico do rock gaúcho que todo mundo respeita ou ao menos conhece (fato comum a muita coisa da cultura riograndence e principalmente ao rock gaúcho). São Paulo definitivamente não tem público suficiente pra uma banda como essa (e aí pode-se colocar no mesmo patamar Os Replicantes, Cascavelletes, Wander Wildner, Júpter Maçã e vários outros), porém os poucos conhecedores paulistas do som dos caras morrem de vontade de vê-los em cima de um palco e sendo assim, essa seria uma oportunidade rara.

O show seria naquele mesmo dia e eu não tinha me organizado pra ir e muito menos teria companhia que topasse um show de última hora em plena terça-feira de dia dos namorados pra ver uma banda que nunca ouviu falar. Se não quisesse correr o risco de me arrepender eu teria que tomar uma decisão rápida e objetiva, e assim foi, liguei para o SESC confirmando a disponibilidade de ingressos e estava decidido que iria sozinho ao show - coisa que não havia feito em nenhum dos shows em que já estive.

Descobri o caminho, avisei que chegaria tarde em casa e parti torcendo para que os poucos 250 ingressos não se esgotassem logo (algo que não aconteceu até o final do show). Cheguei fácil e adiantado o suficiente pra conseguir um lugar legal entre as fileiras de poltronas do auditório, dei umas voltas pelo SESC e seus arredores (onde encontrei um mini-shopping ao estilo StandCenter com McDonalds dentro) até o horário do início da apresentação.

Cheguei e me acomodei em meu lugar. Em poucos minutos a banda entraria no palco. A entrada foi anunciada e os integrantes tomaram o palco sem roadies e cuidando pessoalmente de ligar os instrumentos antes do show. Com tudo preparado mandaram o primeiro clássico e a partir dali eu me convenci de que realmente tinha tomado a decisão mais acertada dos últimos tempos. O clássico “Patê” introduziu o show, logo essa música que foi uma das primeiras da banda que conheci junto com “Bagaceiro Chinelão” (que também foi tocado no show) logo nos meus primeiros contatos com o som dos caras, em uma coletânea do selo Banguela Records chamada Banguela Hits – O último dente onde também estavam as bandas Mundo Livre S/A (que futuramente virou uma das minhas bandas prediletas e que tem um show resenhado dois posts abaixo), Pravda (banda muito boa que fazia um Funk/Black/Soul responsa mas sumiu e nunca mais encontrei nada sobre), Kleiderman (projeto paralelo insano de Branco Mello e Sergio Britto dos Titãs), Little Quail and the Mad Birds (bandinha bem legal) e Raimundos (a única que eu conhecia, gostava muito e a responsável pelo meu interesse em conhecer a coletânea).

Na sequência a banda mandou os sons registrados no novo álbum ao vivo que estava sendo lançado naquela noite - o responsável pela volta definitiva da banda que até então fazia apresentações esporádicas e cada um seguia sua carreira solo e/ou tocavam outros projetos. O novo disco contempla as melhores músicas dos dois álbuns anteriores da banda, dos quais eu já havia praticamente decorado todas as faixas, o que me permitiu cantar quase todas as músicas junto com a banda. Frank Jorge (baixo e voz), Carlo Pianta (guitarra e voz) e Alexandre Birck (bateria) sabiam que o tempo combinado com a organização do SESC não seria o suficiente pra atender um público que há muito tempo esperava pra ver aquela banda no palco, sendo assim trataram de ser objetivos e emendaram um som atrás do outro no melhor estilo Ramones de executar o repertório. Entre um som e outro rolava no máximo algum breve comentário com o sotaque gaúcho, o mais carregado possível.

Assim foi até o fim do show. Três caras tirando o som mais estranho o possível dos seus instrumentos numa mistura de rock’n roll com psicodélia, punk rock, letras alucinadas e chimarrão.


indicações:
- Site oficial da banda: http://www.graforreiaxilarmonica.com.br/
- Site do SESC-SP: http://www.sescsp.com.br/

crédito das fotos:
- Tuli Nishimura: www.flickr.com/photos/tulinha

Valeu! Abraços.
One, Two, Three, Four!
Bruno Marcel

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Os Mutantes - 09/07/2007









As coisas estão começando a embananar na minha cabeça com esse blog. Preciso colocar logo o porta-cabelos pra funcionar antes que eu me confunda e começe a misturar as coisas. Mal tive tempo de escrever sobre o show dos Mutantes e já rolou o show do Graforréia Xilarmônica (a próxima resenha). Agora tenho dois shows pra escrever e, se não der logo um jeito nisso, amanhã serão três (contando com Cordão da Insônia no SESC Pompéia).

Pela falta de tempo (e de empenho talvez) esta resenha pode não ficar tão boa quanto deveria, afinal esse show foi um dos melhores que já fui e merece mais do que simples comentários.

Além de rever uma banda que há alguns anos eu sonhava, sem imaginar que um dia seria possível, ainda fui muito bem acompanhado. Bruna e Bárbara (duas amigas que já não via há algum tempo e que por incrível que pareça, fazem falta), Jaque (uma lindinha que conheci há pouco tempo e que veio de Vinhedo só pra cantar ao meu lado “Fuga nºII”) e Thais (minha super-irmã-companheira-de-shows que “pira na vibe”). Só a mulherada conversando sobre chapinha e eu tomando a maior quantidade possível de cerveja por segundo pra dar fim a duas latas grandes de Skol e entrar logo no Citibank Music Hall.

Pela segunda vez pude assistir ao show deles. A primeira vez foi quando num dos momentos mais mágicos e inexplicáveis que já presenciei, tocaram pra uma multidão estimada em mais de 50 mil pessoas entre o Museu do Ipiranga e o Monumento à Independência em comemoração ao aniversário de São Paulo. Surgiram das escadarias do monumento para tocar pela primeira vez no Brasil desde 1976 quando antes da banda encerrar de vez tocavam para públicos com uma média de 200 pessoas numa formação já sem Rita Lee, Arnaldo Baptista, Dinho Leme e Liminha - a formação que junto com Sérgio Dias, transformou os Mutantes em uma referência para a música pop-rock-experimental-psicodélica no mundo e um dos principais nomes de um dos mais fortes e importantes movimentos musicais no Brasil: a Tropicália.

Tudo bem que desta vez já não haveria a novidade de ver os Mutantes, mas isso não tornou o momento menos mágico e prazeroso. Eu estava novamente em frente a um palco para ver o show de uma das bandas que mais escutei nos últimos anos. Com Zélia Duncan assumindo a frente do palco (substituindo Rita Lee que, sabe-se lá porque, não aceitou o convite para a reunião do grupo) e os originais Sérgio Dias (guitarra e vocal), Arnaldo Baptista (teclados e vocal) e Dinho Leme (bateria) mais um grupo fantástico com ótimos músicos convidados - Os Mutantes estavam novamente em São Paulo para a turnê de divulgação do álbum “Live in Barbican Theatre - London” (o responsável pela volta da banda).

Começaram com a “entrada triunfal”, que precedeu a todos os shows da turnê, ao som de “Dom Quixote” e seguiram com as músicas na mesma ordem (ou quase a mesma) registrada no novo álbum ao vivo. O que se vê no palco torna difícil assimilar o fato de que a banda acabou e se manteve afastada tanto tempo por conflitos pessoais. Todos os músicos numa sintonia musical e harmonial perfeita, brincando e trocando olhares e sorrisos. Senti a relação deles como um casal de namorados quando volta de uma crise no relacionamento e começa a “se curtir” novamente.

Não posso terminar o post sem dar algum destaque aos ótimos músicos convidados que consiguiram absorver o “estilo mutante” de fazer música e ainda assim ajudaram a dar o toque de novidade às versões regravadas. Principalmente à percussionista Simone Soul que dá um show à parte com muita criatividade na composição da linha de percussão, entrosamento total com a bateria e ótima performance, chamando a atenção mesmo confinada ao cantinho esquerdo do palco.

Sendo assim - ótimos músicos, sintonia perfeita e uma história mágica pra ser contada - transformaram a apresentação da banda em um momento inesquecível. Resta apenas a esperança de que continuem com a mesma energia e dêem continuidade à obra mutante com a mesma genialidade com que realizaram essa reunião.


Valeu! Abraços e até breve.
One, Two, Three, Four!
Bruno Marcel

domingo, 10 de junho de 2007

Mundo Livre S/A - 07/06/2007









Todo mundo deveria um dia assistir a um show no teatro do SESC Pompéia. Muita coisa interessante já rolou por lá além de ser palco de um dos programas mais interessantes da rede aberta de televisão: o Bem Brasil. Mas a graça da coisa está no fato de que o palco fica localizado no meio da platéia e os artistas (alguns até meio perdidos) têm que lidar com o público dos dois lados. Não digo que é melhor do que um palco tradicional, na verdade acho até meio estranho, mas é interessante. Só tinha ido nesse teatro uma vez, assistir a um especial da Jovem Guarda com Erasmo Carlos, Wanderléa, Nasi, Jair Oliveira e Luciana Mello e foi bem interessante.

Dessa vez quem estava lá era Mundo Livre S/A, banda que fundou o movimento Mangue (ou MangueBeat ou MangueBit) em Pernambuco junto com Chico Science e Nação Zumbi. Surgiu da reunião de membros de antigas bandas punks de Recife que aos poucos foram introduzindo elementos da música regional (como Maracatu, Frevo e Côco de Roda) e tendências da música nacional (como o Samba e o Samba-Rock de Jorge Ben).

O primeiro CD da banda foi o “Samba Esquema Noise”, que faz no nome uma referência ao “Samba Esquema Novo” (primeiro álbum de Jorge Ben). A partir de lá vêm mantendo um estilo único e autêntico que se confirma no último trabalho da banda: o EP “Bebadogroove” que, como no primeiro disco, faz referência ao nome de um clássico da música brasileira (“Bebadosamba” de Paulinho da Viola).

Fui nesse show com meu companheiro para shows estranhos, guitarrista e vocalista da minha banda: Smyters (vulgo Anderson, ou vice-versa). Saímos de Guarulhos e, rapidinho, chegamos ao SESC mesmo sem saber o caminho (eu nunca sei). De lá já tratamos de reservar o próximo “ingresso barato para show bom” que só o SESC pode oferecer. Dia 14/06/2007 um projeto chamado “Cordão da Insônia” com Céu, BNegão, Curumim e outros que não conheço, lá mesmo no SESC Pompéia, mas na Choperia ao invés do teatro (resenha em breve aqui no blog).

Partimos para nossas cadeiras na primeira fila do teatro (na platéia do lado esquerdo) de onde ficamos sentados apenas até o momento em que o primeiro integrante da banda colocou o pé pra dentro do palco (o baterista Tony Regalia). Todo mundo no teatro ficou de pé (o que acho bem melhor) e assim permanecemos até o final. Pela segunda vez pude assistir a um show da banda (o primeiro havia sido no mesmo SESC, mas na Choperia), bom o suficiente pra que eu voltasse a vê-los quantas vezes fosse possível. Fred Zero Quatro empunhando seu cavaquinho alucinado puxou o primeiro clássico “Concorra a um carro” do 4º disco da banda, do álbum “Por Pouco” (quase certeza de que essa foi a primeira).

Com dois microfones (um de cada lado da platéia) Fred Zero Quatro tentava conciliar e atender ao público dividido, mas por sorte, acabou ficando a maior parte do tempo voltado para o nosso lado, pois lá estavam todos os pedais de efeito e distorção que controlavam os timbres do seu cavaco e da guitarra que às vezes o substituía. No set-list os clássicos desde o início de carreira e as faixas do novo disco. Como poucas bandas, tudo o que foi produzido conseguiu manter um alto nível e em qualquer show tudo o que é tocado acaba agradando seja pela nostalgia ou pela novidade.

"A Bola do Jogo", "Livre Iniciativa", "Uma Mulher com W Maiúsculo", "Musa da Ilha Grande", "Free World", "Computadores Fazem Arte", "Girando em Torno do Sol", "Seu Suor é o Melhor de Você", "Pastilhas Coloridas", "O Mistério do Samba", uma palhinha de "Da lama ao caos" (CSNZ) , "Bolo de Ameixa" (uma das minhas preferidas) e um cover/versão de "Guns of Brixton" do Clash foram algumas das 19 faixas contadas no set-list colado ao lado de Zero Quatro.

Valeu! Até o próximo.

One, Two, Three, Four!
Bruno Marcel

Indicações
- Cho Seung Song: Música inédita sobre o massacre de Virgínia disponibilizada para download.
- www.reciferock.com.br

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Fagner - 01/06/2007









Para alguns mais uns cantor brega. Pra mim e muitos outros um grande poeta, compositor e intérprete da MPB.

Numa sexta-feira gelada de outono me juntei à Família Trapo (como chamo carinhosamente minha família) rumo a mais um show: Raimundo Fagner, no lançamento do álbum "Fortaleza", seu mais recente trabalho.

Desde seu primeiro compacto, gravado em 1971 com o parceiro Wilson Cirino numa idéia da gravadora RGE de repetir o sucesso alcançado com a dupla Antonio Carlos e Jocafi, passando pelo seu primeiro LP solo "Manera Fru-Fru, Manera" (1973) até os dias atuais, Fagner alcançou uma coleção de sucessos populares indiscutível. Nascido em Fortaleza e registrado em Orós, o cearense deixa sua terra natal e parte para o Rio em busca de dar início à sua carreira artística. Chegou a ser abrigado por Elis Regina nos momentos difíceis onde o cantor mal tinha o que comer. Ela também foi muito importante para a visibilidade do artista interpretando e gavando algumas de suas músicas como "Mucuripe". Por isso ele credita a Elis grande esponsabilidade pelo seu sucesso e por ter conseguido enfrentar os obstáculos do começo da sua carreira.

Do início difícil até o seu auge, emplacou diversas canções nas paradas de sucesso das rádios e televisão além dos diversos temas para trilhas de novelas. Dessa forma Fagner entrou para o grupo seleto (talvez nem tanto) dos grandes artistas da música popular brasileira. E então tive a oportunidade de, pela primeira vez, ver um show do cara e junto com as pessoas que me apresentaram suas canções, desde criança quando ele era um dos principais nomes na trilha sonora das viagens para a casa da praia.

O espetáculo aconteceu no Creedicard Hall. Lá estavamos nós, sentados na ala das mesas VIPs, bem pertinho do palco. Assim como a grande parte dos shows com artistas nacionais o atrazo de uma hora não pôde faltar, o que acaba numa ansiedade ainda maior.

Por volta das 22:40 o apresentador anuncia a entrada do artista. As cortinas se abrem com a banda já posicionada e então, de terno e com seus quase 2 metros de altura, Raimundo Fagner entra no palco amparado pelo mesmo violão (ao menos o modelo era o mesmo) que o acompanhou na gravação do seu disco ao vivo de 2000. A banda tocou algumas das faixas do novo disco, entre elas canções de Bach e Vinícius, Sivuca e outros parceiros que sempre acompanham suas composições e engrandecem ainda mais seus álbuns. Ótimos arranjos, composições primorosas e melodias marcantes é o que se pode dizer do que foi apresentado.

Muito bom saber que o cara está na ativa, compondo, arranjando e dando um novo gás pra sua carreira. Todos acolheram muito bem as novas canções mas era clara a intenção da grande maioria (e minha também, é claro): curtir a interpretação dos grandes sucessos e cantar com ele as letras já decoradas na ponta da língua. E ele sabia disso, afinal são mais de 30 anos de experiência em lidar com o público.

Shows pra mim são como momentos mágicos, eu foco o olhar no palco e começo a prestar atenção em tudo, fascinado com tudo que vejo (talvez pela vontade de um dia estar lá em cima). Por dar tanta ênfase à emoção e adrenalina do momento eu acabo não guardando alguns outros detalhes com muita precisão e um deles é o set-list. Lembro sim de tudo o que rolou, mas sem dar a ordem exata das coisas.

Algo bem trabalhado nas músicas do Fagner são os arranjos e isso tem um efeito bem interessante nos shows pois dá pra identificar a música já na introdução. Isso aconteceu logo nos primeiros acordes de "Noturno". Ali deu pra começar a sentir um pouquinho do quanto seria um show bem mais legal do que eu imaginava (e olha que eu já esperava algo muito bom). Entre outras pérolas um momento bem marcante foi o pout-pourri com "Deslizes", "Espumas ao vento" e "Revelação", três das músicas mais esperadas da noite em sequência. Foi um show pra não colocar defeito. Uma banda com músicos muito bons e as canções mais pedidas executadas da melhor forma possível. "Canteiros" , "Guerreiro Menino", "Mucuripe", "Último Pau-de-Arara","Fanatismo", "Jura Secreta", "Borbulhas de Amor", "Pedras que Cantam" e várias outras que eu esqueci completaram o set-list que fez com que eu saísse completamente satisfeito e com a certeza de que não deixarei passar uma próxima oportunidade de assistir a um show do cara.


Quero fechar o Post com a letra de uma música especial pra mim.

Canteiros (Raimundo Fagner. Sobre poesia de Cecília Meirelles)

"Quando penso em você fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa, menos a felicidade


Correm os meus dedos longos em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego já me traz contentamento

Pode ser até manhã, cedo claro feito dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria

Eu só queria ter no mato um gosto de framboesa
Prá correr entre os canteiros e esconder minha tristeza

Que eu ainda sou bem moço prá tanta tristeza
E deixemos de coisa, cuidemos da vida,
Pois se não chega a morte ou coisa parecida
E nos arrasta moço sem ter visto a vida."


Valeu a todos que têm lido o blog, e um agradecimento especial aos meus pais e minha maninha pela sempre boa companhia e pela pizza frita depois do show.





Abraços e até a próxima.
One, Two, Three, Four!
Bruno Marcel

Indicações
Site Oficial:
www.raimundofagner.com.br
Site do Fã-Clube oficial: www.fagner.com.br

sexta-feira, 25 de maio de 2007

One, Two, Three, Four!

Gritada por uma banda de rock'n roll ou acenada pelas mãos de um maestro ela é presença garantida em cima do palco. Mas essa contagem não seria algo tão representativo pra mim se não fosse eternizada pela banda mais marcante da minha vida: Ramones. Virou marca registrada dos caras que, sempre na voz do baixista (primeiro com o Dee Dee que depois passou a responsabilidade do "take..." para o pupilo C.J.), disparavam “One, Two, Three, Four!” invocando o próximo som.

E esse foi o início de tudo. Quando descobri como a música poderia ser tão influente na minha breve passagem pelo planeta. Foi ali que pirei. Usava bonés, camisetas e calças sempre com os ícones sagrados do Punk Rock: símbolos de bandas como Ramones, Sex Pistols, Ratos de Porão, Inocentes e qualquer estampa que invocasse a anarquia ou o ódio ao sistema capitalista. Não me afundei no lado "punk sujo e chato" da coisa, mas por outro lado virei pesquisador do assunto. Quando não estava nas aulas do ensino fundamental, fazendo tarefa de casa ou promovendo um verdadeiro show de horrores nos campeonatos de futebol do prédio, eu procurava conhecer ao máximo o estilo que, cada vez mais, me impressionava. Conheci provavelmente todas as bandas de média/grande importância do estilo no Brasil e uma infinidade de outras bandas espalhadas por todo canto do mundo. Aí estava o auge da minha fase Punk (de boutique talvez).

Ps: Não posso deixar de citar que, antes disso tudo, eu já ouvia bastante coisa. Comecei com Raul Seixas, passei por Mamonas Assassinas (meu primeiro show), Ultraje a Rigor, Black Sabbath e cheguei nos caras que marcaram a minha adolecência e que foram responsáveis pelo meu primeiro contato com os mestres do punk rock: a banda punk/forró/hardcore Raimundos.

Explicado o começo do meu forte interesse e ligação com essa "combinação harmoniosa e expressiva de sons" (música segundo Houaiss) chegamos ao cenário atual. Vou de uma roda punk onde todos gritam ódio à MPB e ao mainstream para uma mesa em um espetáculo onde Caetano Veloso fala sobre a importância da Tropicália para a Música Popular Brasileira. Sento em frente ao computador onde encontro na minha playlist álbuns que vão de Luiz Gonzaga a Motorhead, de Sabotage à Demônios da Garôa, de Cólera a Nação Zumbi e outros tantos de artistas que completam esse mosaico de influências.

Pra finalizar o blá-blá-blá descrevo de forma clara o intuito deste blog: Escrever resenhas dos shows que presencio, documentar as experiências e compartilhá-las com quem possa se interessar.

É isso ai... valeu a atenção de quem chegou ao fim do texto e até o próximo show.


One, Two, Three, Four!
Bruno Marcel